O Jiu-Jitsu Brasileiro na Cidade de Salvador: Relatos sobre as Primeiras Práticas da Modalidade

O Jiu-Jitsu brasileiro, com suas raízes históricas profundas e técnicas refinadas, chegou à cidade de Salvador na Bahia, deixando um legado significativo. Este artigo explora a trajetória inicial do Jiu-Jitsu na capital baiana, destacando figuras importantes e eventos que contribuíram para a disseminação da modalidade.

As Origens do Jiu-Jitsu

A história do Jiu-Jitsu remonta à Índia, onde monges budistas desenvolveram técnicas de autodefesa baseadas em equilíbrio e alavancas, evitando o uso da força bruta. Com a expansão do budismo, essas técnicas se espalharam pelo Sudeste Asiático, China e Japão, onde se desenvolveram e se popularizaram.

No Brasil, o Jiu-Jitsu foi introduzido por mestres japoneses no final do século XIX. Esai Maeda Koma, conhecido como Conde Koma, chegou ao Brasil em 1915 e apresentou a arte marcial à família Gracie, em Belém do Pará. Carlos Gracie, o filho mais velho de Gastão Gracie, foi quem primeiro aprendeu Jiu-Jitsu com Maeda, adaptando e aperfeiçoando a técnica ao biotipo da família Gracie.

Primeiros Contatos com o Jiu-Jitsu em Salvador

O primeiro contato documentado com o Jiu-Jitsu em Salvador ocorreu em 1973, na antiga Faculdade Amec Trabuco, atual UNIFACS. Ricardo Barbosa de Souza, estudante de Administração na época, relatou que a primeira turma de Jiu-Jitsu se formou de maneira inusitada após uma intervenção de Paulo Fiuza, um faixa preta de Jiu-Jitsu Gracie, em uma briga entre dois irmãos.

Paulo Fiuza conseguiu neutralizar os brigões de forma surpreendente, o que despertou o interesse dos presentes. Ele então apresentou-se como faixa preta de Jiu-Jitsu e convidou os colegas a formarem uma turma para a prática da modalidade. Essa turma durou até 1974, quando Paulo precisou se mudar para Ilhéus.

A Chegada de Charles Gracie

Foi somente em 1987 que o Jiu-Jitsu voltou a ganhar força em Salvador, com a chegada de Charles Gracie, um legítimo descendente da família Gracie. Nascido no Rio de Janeiro, Charles era filho de Robson Gracie e aluno de Rolls Gracie. Em fevereiro de 1987, ele montou uma turma no Clube Bahiano de Tênis e, em março do mesmo ano, na Academia Triathlon, no bairro da Graça.

Continuidade e Expansão

Apesar de Charles ter se afastado do ensino do Jiu-Jitsu no final de 1988, Luiz Augusto Barbosa de Souza, conhecido como “Rato,” deu continuidade aos treinos em sua própria casa. Rato, que já praticava Judô, passou quatro meses treinando na academia de Carlson Gracie no Rio de Janeiro antes de decidir comprar um tatame e continuar os treinos em Salvador.

Em 1992, Charles Gracie voltou a lecionar Jiu-Jitsu e se associou a treinadores de Judô em Salvador para ampliar o alcance da modalidade. Essa parceria resultou na criação da primeira Federação de Jiu-Jitsu do Estado da Bahia em 1993, com Charles como presidente. O primeiro campeonato de Jiu-Jitsu Desportivo do Estado da Bahia ocorreu em 1994, organizado pela Federação Baiana de Jiu-Jitsu.

Eventos Importantes e Legado

O Campeonato de Jiu-Jitsu Desportivo de 1995, realizado no Shopping Barra, foi um marco importante, destacando-se pela sua organização e pela participação significativa de atletas. Charles Gracie e Luiz Augusto desempenharam papéis cruciais na construção deste evento, que ajudou a consolidar o Jiu-Jitsu na Bahia.

Hoje, o Jiu-Jitsu é amplamente praticado em Salvador e em toda a Bahia, com diversas federações organizando competições frequentes. A prática do Jiu-Jitsu se estende além das academias, com ONGs, projetos sociais, escolas e praças promovendo a modalidade como uma ferramenta educativa e formativa.

Conclusão

A trajetória do Jiu-Jitsu em Salvador é marcada por esforços contínuos de praticantes dedicados como Charles Gracie e Luiz Augusto “Rato.” Desde os primeiros contatos na década de 1970 até a formação de federações e competições nos anos 1990, o Jiu-Jitsu evoluiu significativamente na Bahia. Hoje, a modalidade continua a crescer, inspirando novas gerações de atletas e promovendo valores de disciplina, respeito e autoconfiança.

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